quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Grupos pró e contra Lula se enfrentam em frente a Fórum em SP

Homem ficou desacordado e mulher foi atingida na cabeça na confusão.
Liminar suspendeu depoimento de Lula e Marisa que aconteceria de manhã.



Dois grupos de manifestantes, contra e a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entraram em confronto nesta quarta-feira (17), em frente ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Um homem recebeu um golpe na cabeça e foi socorrido por outros manifestantes. Pouco antes, uma mulher chegou a ser atingida na cabeça e teve de receber atendimento médico.
Lula e sua mulher, Marisa Letícia, iram depor nesta manhã sobre suspeitas de irregularidades em um apartamento triplex em Guarujá (SP). Mesmo com a suspensão da audiência, que foi decidida por um integrante do Conselho Nacional do Ministério Público na noite de terça (16), manifestantes se reuniram diante do fórum.
Ferido, manifestante a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é levado por companheiros durante confronto com a Polícia Militar em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda. A polícia usou de força para tentar dispersar manifestantes (Foto: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo)Ferido, manifestante a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é levado por companheiros durante confronto com a PM diante do fórum  (Foto: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo)
Os grupos foram separados por um cordão de isolamento da polícia, mas isso não foi suficiente para evitar o tumulto. Os manifestantes jogavam objetos, como ovos e frutas, uns nos outros.
Veja o resumo do protesto:
- 8h40: manifestantes contra e a favor de Lula invadiram as duas faixas no sentido Centro da Avenida Abrahão Ribeiro. Eles bloquearam o trânsito da via em frente ao Fórum. Muitos manifestantes usaram sinalizadores com fumaça.
- 10h40: o clima ficou mais tenso quando integrantes de grupo contra o governo tentou encher o boneco gigante com a caricatura de Lula chamado de "pixuleco" e foi impedido por integrantes de grupos pró-governo. Os grupos arrancaram pedras da calçada e atiraram contra os outros manifestantes. A polícia reagiu com bombas e cassetetes para controlar a multidão.
- 10h50: Os ânimos se acirraram, e uma mulher levou uma pedrada na cabeça.
- 11h: os manifestantes deixaram a parte onde estava separados por grades e foram para o meio da avenida. A polícia precisou intervir.
- 12h40: Manifestantes contra o governo tentaram encher o boneco com a figura de Lula e o grupo a favor do governo, em maioria, avançou contra eles. Um homem recebeu um golpe na cabeça e chegou a ficar desacordado.
- 13h: Polícia usa bombas de gás para dispersar a multidão.
- 13h30: manifestantes começaram a se dispersar.
Feridos
Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, afirmou que quatro manifestantes pró-Lula ficaram feridos na confusão. Não há informações sobre o número de feridos do grupo que protestava contra o ex-presidente. A Polícia Militar vai fazer um balanço do número total de feridos e deve divulgá-lo ainda nesta tarde.
Entre os feridos está Frederico Bahia, que veio do Rio para participar da manifestação em apoio a Lula, ficou ferido na boca e saiu de cadeira de rodas do Fórum da Barra Funda. Ele foi agredido ao tentar furar o boneco "pixuleco" e foi levado à Santa Casa de São Paulo.
Manifestante pró-Lula sai ferido de cadeira de rodas (Foto: Márcio Pinho/ G1)Manifestante pró-Lula sai ferido de cadeira de rodas 
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Jovem levou pedrada no Fórum da Barra Funda  (Foto: Márcio Pinho/ G1)Jovem levou pedrada no Fórum da Barra Funda (Foto: Márcio Pinho/ G1)
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Manifestantes usam sinalizadores durante protestos em frente ao Fórum da Barra Funda (Foto: Marcio Pinho/G1)Manifestantes usam sinalizadores durante protestos em frente ao Fórum da Barra Funda (Foto: Marcio Pinho/G1)
Reação da Promotoria
Os promotores do Ministério Público de São Paulo que analisam o caso do triplex afirmaram nesta quarta que vão pedir a revisão da decisão de suspender os depoimentos de Lula e Marisa.
O promotor Cássio Conserino afirmou que o MP vai agir para "cumprir o objetivo de apurar os graves fatos envolvendo pessoas que se consideram acima e à margem da lei".
Deputados defendem Lula
Após a suspensão da audiência, 21 deputados petistas se reuniram no Instituto Lula, na Grande São Paulo, em ato de desagravo ao promotor que intimou Lula a depor. "O Conselho Nacional do MP foi criado para evitar abusos da instituição e aquele membro que praticar algum abuso deve ser contido e o Conselho conteve este abuso que estava sendo cometido por este promotor", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que o ex-presidente disse a deputados petistas que o apartamento triplex no edifício Solaris, no Guarujá, no litoral de São Paulo, não pertence a ele.
“O presidente Lula está muito firme, seguro e convicto, e a bancada também”, disse a deputada. “Acreditamos muito nele e estamos juntos para esta batalha. Lula é muito transparente, e nós acreditamos no que ele coloca. Ele falou claramente 'não é meu o triplex, não é meu'”.
Pedras e paus foram lançados sobre boneco Pixuleco (Foto: Isabela Leite/G1)Pedras e paus foram lançados sobre boneco Pixuleco
Grupo contra o governo federal dobrao boneco Pixuleco (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)Grupo contra o governo federal dobra o boneco Pixuleco 
Imóvel no Guarujá
Em janeiro, o promotor Cássio Conserino afirmou que há indícios de que houve tentativa de esconder a verdadeira identidade do dono do triplex em Guarujá e que essa seria uma forma de encobrir o crime de lavagem de dinheiro. Os promotores suspeitam que a OAS, que assumiu a obra com a falência da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), reservou o imóvel para o ex-presidente Lula e sua família.
Quando foi reeleito, em 2006, Lula apresentou na declaração de bens uma cota de um projeto daBancoop em construção no Guarujá, no valor de R$ 47.695.
O ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, também foi intimado e falará às 15h. Ele já foi condenado a 16 anos na Operação Lava Jato, recorreu e responde em liberdade. Mais tarde, às 17h, é a vez do engenheiro da OAS Igor Pontes prestar depoimento sobre o caso.
O G1 questionou a posição da construtora sobre os depoimentos e não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Em janeiro, a OAS afirmou que não se posicionaria sobre a investigação em andamento.
Em nota divulgada em janeiro, o Instituto Lula disse que "são infundadas as suspeitas do Ministério Público de São Paulo e são levianas as acusações de suposta ocultação de patrimônio por parte do ex-presidente Lula ou seus familiares".

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